A alimentação intuitiva é uma abordagem à alimentação que rejeita dietas, planos alimentares e a associação de disciplina ou força de vontade para se alimentar. É um método que tem 10 princípios e que te ensina a comer de forma natural, a torna-te numa especialista em ouvires a tua fome fisiológica, a compreenderes quando estás verdadeiramente saciada e satisfeita.
Tudo isto para NORMALIZAR a tua relação com a comida e o teu corpo.
Os 10 princípios da Alimentação Intuitiva
Para conseguires liberdade alimentar, eliminares a culpa em relação à tua comida e uma alimentação intuitiva, foram desenvolvidos 10 princípios que devem ser trabalhados.
Eles não são regras e devem ser aplicados de acordo com as necessidade individuais de cada pessoa. Não têm uma ordem específica para serem abordados e nem todos têm de ser abordados. Como referi, depende do caso único de cada um.
Para seres bem sucedida, deves aplicá-los com clareza e calma, para que passo a passo caminhes na direção certa.
(compreende como te vou ajudar a consegui-lo)
Princípios chave
Rejeita a mentalidade de dieta
Deita fora todos os livros de dieta ou revistas que oferecem esperanças falsas de perder peso de forma rápida, fácil e permanentemente. Fica chateada com todas as mentiras que te levaram a sentires-te como um falhanço sempre que a dieta não resultou ou sempre que recuperaste o peso perdido.
Se te permites acreditar que a dieta X ou Y, que parece estar na moda, te pode ajudar, então não vais conseguir desenvolver a capacidade de te reconectar com o teu corpo. Deixa de seguir perfis das redes sociais que, em vez de te inspirarem, te fazem sentir mal.
- Uma das minhas clientes sempre fez dietas, desde pequena. Desde as dietas que a mãe lhe fazia, a shakes de substituição de refeição. Quando a minha cliente veio ter comigo, já adulta e independente, ela estava fartinha de dietas. Contudo, sentia-se culpada e incapaz pois acreditava que devia estar de dieta. Rejeitar a mentalidade de dieta foi muito importante para ela. Ela descobriu que não é um fracasso, mas que o próprio sistema e ideia tradicional de dieta é que lhe estavam a comprometer qualquer possibilidade de sucesso. Ela procurou melhorar a sua saúde diária, em vez de se focar no que deve ou não deve comer.
Honra a tua fome
Mantem o teu corpo nutrido com quantidades de energia adequadas, de TODAS as fontes (incluindo hidratos de carbono). Caso contrário, podes despoletar tendências para comer demais de uma só vez (como compulsão).
Quando atinges um patamar de fome extrema, quaisquer intenções de comer de forma moderada e consciente são irrelevantes. Aprender a honrar estes sinais biológicos são os alicerces para reestabeleceres uma confiança em ti e nas tuas escolhas. E isto é alimentação intuitiva.
- Outra cliente minha, mãe, dona do seu negócio, com pouco tempo livre para ela, estava a aprender a gerir a sua fome. Ela estava tão ocupada durante todo o dia que mal tinha tempo para compreender se tinha ou não fome. E quando a sentia, ela não era prioridade. Hoje, ela já aprendeu a sentir o seu apetite e a respeitá-lo. Compreende o estado físico da fome e a diferença entre fome fisiológica e fome emocional. Ela aprendeu a honrar a sua fome. Foi importante identificar o perfil de comportamento alimentar da minha cliente. Neste caso, era uma comedora inconsciente caótica. Descubra aqui qual o seu perfil.
Faz as pazes com a comida
Alimentação intuitiva é levantar a bandeirinha branca. Declara tréguas com o que tens na dispensa. Dá-te permissão para comer. Se disseres que ‘não podes’ ou ‘não deves’, podes estar a fomentar sentimentos de privação intensos que levam, na maioria das vezes, a binge e compulsão.
Quando finalmente te ‘rendes’ às tuas comidas proibidas, essa experiência é tão intensa que não te consegues controlar. Leva-te a comer demais, para lá do ponto de satisfação e saciedade e vem com culpa associada
- Uma das minhas clientes vivia sem compreender o que consumir. Andava sempre de marmita muito reduzida para o trabalho e sempre que havia snacks ela tentava resistir e privar-se. Ficava a sonhar com aqueles chocolates e bolos que alguém sempre levava para o escritório. Antes de começar uma nova dieta, ela costumava comer imenso. Comia e comia, como se fosse a última vez que iria saborear aqueles alimentos, pois achava que com a nova dieta ela ia estar privada de todos eles. A este fenómeno chama-se ‘última ceia’ e é normal quando há imensa privação com a comida. A minha cliente acreditava que qualquer profissional a iria julgar e proibir todas aquelas comidas, então ela comia-as, como se não houvesse amanhã, como uma forma de despedida. Hoje em dia ela come intuitivamente. Não fica aborrecida quando alguém lhe oferece um docinho e não se sente pressionada em comer, compreende quando lhe apetece e quando pode colocar de lado, para quando a fome realmente aparecer, sem qualquer tipo de julgamento. Ela fez as pazes com a comida. Vê aqui mais mulheres que o conseguiram
Desafia a tua ‘Polícia da comida’
Como costumo dizer, a comida não tem valor moral, consequentemente não pode ser ‘boa’ ou ‘má’. Não tens mais ou menos valor por comeres menos de 1500 calorias ou por comeres chocolate. Todas estas vozes vivem bem fundo no teu subconsciente, e vivem na tua esquadra policial interna. Tens de combater estas vozes que vêm da tua polícia da comida interna, e contrariar as vozes negativas e autodestrutivas que vivem em ti.
Desafiares esta polícia da comida é um ponto crítico para te reconectar com o teu apetite e para comeres de forma intuitiva. Há mais do que uma voz negativa que se faz ouvir em relação à tua alimentação, assim como vozes aliadas. É importante compreender cada uma delas e fomentar as mais úteis.
- Uma cliente minha cresceu com a crença de que para ser bem sucedida teria de ser mais elegante. Ela também sentiu pressão familiar onde julgavam a comida como ‘boa’ ou ‘má’. Passou por anos e anos de flutuações de peso, a viver com regras e restrições que foi aprendendo com as várias dietas que fez e com a voz da mãe a repetir no seu subconsciente. O nosso trabalho foi identificar essas vozes e reformular esses pensamentos. Com um diálogo interno positivo, a Polícia da Comida foi controlada, o peso parou de oscilar e ela saboreia a comida sem remorsos. A sua permissão para comer fez com que ela se sinta confortável em comer (e parar quando está satisfeita), sem julgamentos ou culpa. Compreende aqui como te podes reconectar verdadeiramente com a tua fome, começando a trabalhar a eliminação de certas crenças.
Sente a tua saciedade
Na alimentação intuitiva é importante ouvir os nossos sinais biológicos e a compreender quando já não temos fome. Compreende quando te sentes desconfortavelmente cheia. Para a meio de uma refeição ou snack e identifica o verdadeiro sabor da comida e o quão cheia ou satisfeita estás.
- Este é um princípio importante para todas as minhas clientes, para se relembrarem que a verdadeira função da comida é fornecer energia e nutrição para uma vida saudável e activa. Aprender a sentir a tua saciedade é um elemento essencial para comeres com intuição. Ao compreenderes quando estás verdadeiramente satisfeita, vai ser mais fácil honrares a tua fome e desfrutares das tuas comidas favoritas, sem exageros nem por comida a menos ou comida a mais. Vais conseguir sair para desfrutar de um belo restaurante e regressares a casa sem fome ou sem te sentires super cheia e sem sentimento de culpa. Vê como esta prática te pode ajudar a ter mais consciência na altura da refeição.
Descobre o fator de satisfação
Na nossa procura de sermos magras e fit, descuidamos uma das maiores alegrias de estarmos vivas – sentir o prazer e satisfação que podem ser encontrados no nosso ritual alimentar. Quando comes o que gostas, o que a realmente te faz sentir satisfeita, num ambiente positivo, o prazer que vais sentir é a tua maior força para viver confortável e satisfeita.
Quando te permitires sentir assim, de forma sistemática, vais compreender que na realidade precisas de menos comida do que achavas.
- Uma das minhas clientes, mesmo antes de começarmos, perguntou se podia ter uma refeição do ‘lixo’. Uma refeição em que ela se dava autorização para comer o que ela quisesse, sem culpa ou julgamento. Desde sempre que ela resistia aos alimentos à sua volta . Nas festas, nos jantares de família, nas reuniões do trabalho, ela nunca experimentava nada. Em vez disso, levava as suas alternativas de alimentos, tentando suprimir esses desejos. Quando a fiz perceber que o que fazia era mascarar a real vontade de comer algo e que nada do que ela confecionava lhe dava real satisfação, ela permitiu-se experimentar o que realmente queria, como por exemplo, os biscoitos húngaros no escritório. Ela não só se sentiu feliz por ter vencido esse medo, como ficou surpreendida que um biscoito era o suficiente para se sentir bem, e não precisava de comer 5 ou 6, nem de os comer todos os dias! Ela descobriu o factor de satisfação no seu dia a dia. O nosso trabalho culminou numa alimentação equilibrada, consciente e sem necessidade de controlar! Experimenta este exercício aqui para começares a fazer este trabalho.
Lida com as tuas emoções de maneira gentil
Descobre maneiras de te confortares, distraires e curares questões do foro emocional sem usar a comida. Ansiedade, solidão, fúria, frustração, aborrecimento são emoções que todas temos ao longo da vida. Cada uma delas é despoletada e acalmada por fatores diferentes.
A comida em nada ajuda a contornar nenhuma destas emoções. Ela pode trazer algum conforto, adormecer alguma destas emoções e distrair-te durante uns instantes, mas não resolve nada. Muito pelo contrário, comer pelas emoções só vai criar mais angústia. Não só vais ter de lidar com a razão dessa emoção, como com a sensação de teres comido demais.
Desde estudantes jovens adultas que comem para se distraírem do trabalho da faculdade que têm para entregar, a mulheres profissionais que com os imprevistos do trabalho, com o stress e as responsabilidades familiares acumuladas, vivem constantemente esgotadas.
Várias são as mulheres que chegam até mim e que usam a comida como a única maneira de lidar com as emoções, como forma de pausa de todo o reboliço que vivem ou como única forma de conforto.
- Ao ouvirem o apetite e comerem intuitivamente, as minhas clientes aprendem a saborear a comida que adoram num ambiente positivo de forma a honrar a sua fome física. Aumentar o grau de satisfação com as suas refeições ajudou-as a quebrar a ponte entre a resolução de um problema e a comida que comem. Este nosso trabalho também as ajudou a criar clareza – torna-se uma maneira fácil de distinguir entre necessidade física de comer e vontade emocional. Elas aprenderam a lidar com as suas emoções sem recorrer à comida, tendo de encontrar maneiras de verdadeiramente resolverem os seus problemas e se redefinirem como mulheres ainda mais capazes e prontas para mais desafios. Agora, elas guardam todo o prazer da comida para quando realmente sentem fome e quando o corpo pede mais nutrição. Vê aqui os dois motivos mais comuns para cometeres exageros e como começares a travá-los.
Respeita o teu corpo
Aceita que ele é único. Tal como alguém que tem o cabelo encaracolado não pode esperar acordar com o cabelo liso, é igualmente viver numa utopia, querer mudar completamente a forma do teu corpo.
Respeita o teu corpo, tal como ele é, para te sentires confortável. É difícil rejeitar uma mentalidade de dieta, se as tuas expectativas são pouco realísticas e criticas o teu próprio corpo.
Muitas mulheres acumulam gordura na anca e nas pernas antes de acumularem no abdómen, por isso vão sempre ter mais volume nessa zona. Se este for o teu caso, vais sempre ter tendência para umas pernas mais grossas, anca mais larga e maior propensão para ganhar celulite.
Não vale a pena lutar contra isto, não há nada de errado contigo. O problema está na capa de revista ou no feed de instagram, que te apontam o dedo por teres essa forma.
Ou podes ser do tipo de mulher que acumula gordura com mais facilidade no abdómen. Todo o teu corpo perde volume antes de perderes na barriga e tens de insistir muito para veres resultados nessa zona.
Respeitar o teu corpo é muito importante para te alimentar com intuição em vez de ires à procura de respostas fáceis e irrealistas. Vê aqui 3 passos para começares a respeitar o teu corpo.
Move-te – sente a mudança
Muda o chip, em vez de veres o exercício como uma maneira de queimares mais calorias, sente como o exercício te faz sentir e as vantagens que é ter um corpo mais capaz de viver. Se sentires um corpo com mais energia, essa vai ser a diferença entre te levantares para dar uma caminhada matinal a ficares na cama durante uns minutinhos mais. Se só te mexes para queimares mais calorias, vais descartar muitas oportunidades diárias para seres mais ativa.
- Uma cliente tinha planos de treino prescritos pelo PT dela. Um dia de descanso ela sentiu vontade de treinar. Normalmente ela não o faria, porque aquele dia em específico era dia de descanso. Mas ponderou e compreendeu que não fazia sentido não treinar só porque não estava no plano. Naquele Domingo ela treinou e sentiu-se super bem por o ter feito. Ela mudou a sua atitude perante o exercício físico e descobriu verdadeiro prazer em se mover: independentemente de planos e de ginásio. Vê como te posso ajudar a mudar o chip e a moveres-te com mais frequência e maior prazer.
Honra a tua saúde com nutrição gentil
Faz escolhas alimentares que promovam a tua saúde física e que te façam sentir bem. Aprende que não tens de ter uma ‘dieta’ perfeita para seres verdadeiramente saudável. Não vais ficar com falta de nenhuma vitamina, nem perder ou ganhar peso por causa de uma refeição, um snack ou de uma sobremesa. Tudo cabe em alimentação equilibrada, tudo menos o excesso. Progresso e consciência, isso fazem uma alimentação ‘perfeita’.
Embora algumas clientes cheguem a mim já a rejeitar uma mentalidade de dieta e à procura de liberdade, a verdade é que elas ainda contavam as suas calorias meticulosamente.
Uma cliente em particular só fazia escolhas alimentares baseadas em regras impostas por ela própria e que ela nem sabia que as tinha. Só comia coisas ditas ‘seguras’ e ‘saudáveis’.
Quando ela se apercebeu que estava a usar o seu conhecimento de nutrição como uma arma de dieta, em vez de uma aliada para a sua saúde, ela começou a escolher os alimentos de forma diferente. Honrava os prós de toda e qualquer comida, em vez de só olhar para os contras.
Ela começou a comer de forma menos rígida e mais relaxada. Começou a usar e fomentar o conhecimento sobre nutrição para se informar e não para criar barreiras ou preconceitos perante qualquer alimento.
Os benefícios da alimentação intuitiva
Existem agora mais de 100 estudos científicos que mostram os benefícios de uma alimentação intuitiva. Eles demonstram que a alimentação intuitiva leva a:
- Autoestima elevada
- Melhor imagem corporal
- Mais satisfação com a vida
- Optimismo e bem-estar
- Habilidades proativas de lidar com situações difíceis
- Índices de massa corporal inferiores
- Níveis mais altos de colesterol HDL (colesterol ‘saudável’)
- Níveis mais baixos de triglicerídeos
- Índices mais baixos de alimentação emocional
- Índices mais baixos de alimentação desordenada (desorganizada)
Na realidade, alimentação intuitiva vai muito além da comida!
Superar regras alimentares e culpa não só demora tempo, como também é um trabalho em que precisas de ser muito específica na maneira como as desafias para realmente sentires as diferenças e acreditares que podes confiar no teu corpo e desfrutar de quanta comida precisas sem te preocupares. É preciso aplicar os princípios com clareza para que, passo a passo, chegues à liberdade alimentar.
Deixa nos comentários qual achas que é o primeiro princípio que tens de trabalhar?
Já sabes que podes contar comigo para te orientar neste processo.
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