O que se passa consigo, será compulsão?
Sente que não pode confiar em si em relação à sua comida? Tem dificuldade em resistir a certos alimentos?
Se abre uma barra de chocolate, se começa a comer bolachas ou sente o cheiro a pão branco é perdido por 100 perdido por 1000?
Como a compreendo! Já eu própria passei por isso e tive todo um processo para curar a compulsão. Fazia dieta, privava-me de imensos alimentos, comida quase sempre a mesma coisa e depois tinha alturas que não me conseguir controlar. Ia ao supermercado de propósito comprar bolachas e comia tudo de uma vez, super rápido.
Após isso sentia-me mal, uma verdadeiro fracasso e procurava a nova dieta para ‘voltar à linha’. Sempre assim, vezes sem conta. Sabia que não era sustentável e perguntava-me quando é que isso ia mudar. A verdade é que não conhecia outra maneira de lidar com a situação.
Algo familiar? Não se preocupe, sei exatamente como a ajudar de forma a terminarmos com este ciclo vicioso e nocivo!
Como conseguir curar a compulsão ou combater a dificuldade em parar de comer?
Não nascemos a stressar quando alguém nos oferece uma fatia do seu bolo de aniversário e nem sempre nos privamos de sair com amigos por causa da comida que a ser consumida.
(compreenda aqui melhor as diferenças entre dificuldade em parar de comer e Compulsão Alimentar crónica)
A indústria das dietas não quer que perceba o quão enraizada a sua verdadeira privação alimentar está. Se descobrir como a vencer, se acabar com as dietas yoyo, os treinos de X minutos para esculpir bunda, braços, ombros, etc, ou se compreender que não precisa de suplemento nenhum para normalizar a sua relação com a comida, vai deixar de comprar. E se não compra, as revistas ‘fit’ de mulheres, as marcas de suplementos, as cintas adelgaçantes deixam de r€nder.
Por isso, esteja atenta, que o que lhe conto aqui, a indústria fit e a cultura das dietas não lhe quer contar.
A experiência da fome
O que ainda não se apercebeu é que esse padrão irregular e descontrolo alimentar começou quando começou a sua primeira dieta, anos e anos atrás. E, na grande maioria dos casos nem é emocional, é uma resposta super natural de sobrevivênvia do nosso corpo.
Comer é algo natural, é como respirar. Comer pouco, comer menos do que realmente precisa é como ter vontade de ir à casa de banho mas, em vez de se permitir esvaziar a bexiga, fazer apenas umas pinguinhas. Loucura, não é? É algo totalmente insuportável.
Contudo, nós fazemos isso quase diariamente. Arranjamos maneiras de suprimir a fome, substituímos ingredientes para terem menos calorias sem realmente nos sentirmos verdadeiramente satisfeitas. É normal que, quando se dá real permissão para comer, tenha uma dificuldade gigante em parar. Não é falta de motivação, não é falta de foco, é o seu corpo a querer nutrição adequada porque ele está nem aí pela obsessão de ter um bikini body.
Na altura da Segunda Guerra Mundial, Dr. Ancel Keys realizou um estudo para compreender como reabilitar pessoas que sofriam de fome extrema (inanição). Os sujeitos do estudo foram 36 homens saudáveis, escolhidos por terem resistências física e mental superiores e adequadas aos desafios do estudo. O estudo chamou-se Minnesota Starvation Experiment.
Durante os primeiro 3 meses da experiência todos podiam comer o que lhes apetecia e comiam uma média de 3492 calorias, perfeitamente adequado para um homem activo. Nos 6 meses seguintes eles enfrentaram um período de semi restrição,. As calorias foram cortadas para cerca de metade, uma média de 1570 por dia. Não é um valor desumanamente baixo, mas é um valor muito abaixo do que eles biologicamente precisavam para se manterem saudáveis e activos. Os resultados foram surpreendentes e muito semelhantes a comportamentos presentes nas pessoas que estão constantemente de dieta ou que vivem com restrições:
- O Metabolismo deles caiu cerca de 40%
- Tornaram-se obcecados com a comida. Tinham impulsos muito fortes para comer, falavam sobre comida e colecionavam receitas
- O seu comportamento com a comida mudou – algumas vezes eles comiam a uma velocidade estonteante, noutras alturas atrasavam a altura da refeição mesmo que sentissem fome
- Cientistas notaram que alguns homens foram incapazes de aguentar 6 meses em regime. Um deles perdeu toda a ‘motivação’ e comeu várias bolachas, comeu pipocas e duas bananas de uma só vez. Outro comeu vários gelados, chocolates e até roubou alguns doces. Ambos vomitaram tudo mal se aperceberam do que fizeram.
- Muitos deles começaram a treinar com mais frequência de forma a terem permissão para aumentar um pouco as calorias que podiam ser ingeridas.
- As suas personalidades mudaram, muitos ficaram mais irritados, com variações de humor e alguns chegaram à depressão.
Pode ler mais sobre estes efeitos secundários e sobre a experiência aqui
No final da experiência, na altura do refeed ou de voltar a alimentação normal, a fome era tal que os sujeitos comiam sem parar. Eles tinham dificuldade em terminar as suas refeições e em parar de comer. Os binges ou exageros nos finais de semana chegavam às 10 mil calorias. Demorou cerca de 5 meses até eles voltarem a ter uma alimentação normal e a regularizarem o apetite.
Convém lembrar que durante este período (em 1945) não havia instagram, a indústria fit não era tão feroz, não exitiam fitness influencers nem programas de culinária. O campo da nutrição ainda estava para fazer o boom e, mesmo assim, estes homens sofreram o que tantas mulheres sofrem hoje em dia na busca de um corpo fit. Isto aconteceu porque os sujeitos desta experiência foram privados de algo básico para sua a sobrevivência: comida. Este comportamento nunca antes foi visto nestes homens até à data da experiência. Também temos de ter em atenção que, embora estivessem a comer poucas calorias, ainda eram cerca de 1500kcal, um número normalíssimo em dietas de perda de peso e mesmo assim tiveram 5 meses para normalizar o seu apetite no final da experiência, para não falar das consequências do foro emocional que viveram e na diminuição da qualidade de vida.
Já dá para compreender o verdadeiro efeito nocivo da cultura de dietas e da indústria supostamente fit. Restrição calórica, controlo e planeamento da alimentação não resolvem a situação.
Restrição não resulta a longo prazo e tem efeitos nocivos na sua saúde física e emocional.
O processo de fazer as pazes com a comida
Antes de mais, deixe-me relembrar-lhe que isto é um processo. Ao contrário de uma dieta, que lhe dá regras e diz em média quanto vai perder num determinado período de tempo, comer de forma verdadeiramente equilibrada, sem medos, sem restrição e sem necessidade de exagerar é um processo e uma aprendizagem para a vida toda. A isto chamo de Comer Intuitivamente.
Há 5 passos que pode tomar para começar a sua jornada de fazer as pazes com a comida. Este é um dos exercícios que às vezes uso com as minhas clientes.
Por favor compreenda que não há necessidade de fazer os 5 passos abaixo de uma só vez. Aponte o que deve fazer e avance para a fase seguinte quando se sentir preparada e confortável. Vamos trabalhar sobre a permissão incondicional para comer. Temos de partir de um lugar de curiosidade e de aceitação e não de julgamento ou de culpa.
- Faça uma lista de toda a comida que a atrai, que sabe que gosta e que num mundo sem consequências, poderia comer sem problema.
- Risque aquelas que come com frequência e faça um círculo nas que evita ou se proíbe comer.
- Dessas comidas ou alimentos, escolha um. Garanta que o terá disponível. Se forem umas bolachas, vá ao supermercado comprar. Se for a pizza de um determinado restaurante, mande vir ou vá ao restaurante.
- Dê-se permissão incondicional para experimentar e saborear novamente esse alimento. Tem de honrar o seu apetite, ou seja, não deve estar esfomeada antes de comer. Deve ter alguma fome, mas não demasiada. Permissão incondicional para comer quer dizer mesmo isso, permissão incondicional. No dia seguinte não vai ao ginásio treinar mais (isso seria colocar uma condição), não vai ficar sem comer o resto do dia mesmo que sinta fome (isso seria outra condição). Vai-se dar verdadeira permissão para saborear a comida escolhida.
- Enquanto come, foque-se na experiência. Compreenda se a comida está a saber tão bem quanto acharia. Descubra o que é realmente que lhe agrada nessa comida. Se lhe está a saber bem, continue com a experiência. Com cada dentada, tente descobrir algo novo que lhe agrade nessa comida. Note quando o sabor já não é tão interessante como o da primeira dentada.
Garanta que tem essa comida disponível na sua cozinha sempre que a queir comer. Se isso ainda é assustador, quando lhe apetecer comer essa comida, vá ao restaurante e peça-a.
Á medida que começa a desmistificar essa comida, avance para a próxima na lista.
Tenha em atenção que deve começar a comer quando sente alguma fome e que a comida a deve fazer sentir fisicamente bem. Não caia na armadilha do posso-comer-tudo-e-mais-alguma-coisa. Ao comer intuitivamente é fomentada essa liberdade, mas tem de honrar o seu apetite e sentir a sua saciedade. Deve aprende a comer para se sentir fisicamente bem. Se comer 3 pizzas seguidas provavelmente não se vai sentir fisicamente bem. E, se tiver realmente consciente enquanto saboreia, chega uma altura que a dentada na fatia já não é tão magnífica.
Para quê continuar a comer se já não tem fome, se sabe que se vai sentir mal e se nem lhe sabe assim tão bem? Não tem de continuar a comer. A pizza vai estar lá mais logo, pode comer outra amanhã. Tem permissão incondicional para comer. Honre o seu apetite e sinta a sua saciedade. Se precisar de comer 3 pizzas seguidas para descobrir isto, tem permissão incondicional para fazer. Sem julgamento.
Se a sua lista de comidas for longa (como acabei por descobrir que a minha era), não tem de experimentar TODAS as comidas. Apenas o suficiente para saber que pode confiar em si para comer.
“Se me der permissão incondicional para comer, não vou nunca conseguir parar de comer e vou engordar imenso!”
Isto foi o que pensei mal comecei este processo. A verdade é que quando se dá permissão incondicional para comer não vai custar parar quando já se sente saciada. Quando se dá uma pseudo permissão para comer, sem honrar a sua fome, o processo não vai resultar porque não se sente verdadeiramente livre para a consumir quando quiser. Por isso pergunte-se porque realmente não se dá permissão para saborear essa comida. Pode estar secretamente de dieta. Lembre-se: privação liderada por culpa é a principal razão para comer de forma descontrolada. Comer Intuitivamente significa que não existe culpa quando come. Quando começa este processo de cura é normal comer mais das comidas que costumava restringir. É normal e esperado. Mas nesta fase, o padrão alimentar que vai experimentar não é o padrão alimentar do futuro. Esta é uma altura de (re)descoberta. Quando esta etapa terminar, estes alimentos entrarão na sua alimentação de forma equilibrada.
“Nunca o vou conseguir fazer sozinha”
Fazer as pazes com a comida, honrar o seu apetite e sentir a sua saciedade são tudo princípios do processo estruturado de Alimentação Intuitiva. (Ainda) não é algo muito abordado em Portugal porque poucas pessoas têm o conhecimento necessário para a guiar numa jornada de liberdade alimentar de forma segura e clara. Serei a segunda pessoa certificada em Portugal inteiro em Alimentação Intuitiva (Intuitive Eating) e sei passo a passo como a ajudar.
O meu programa online Equilíbrio Natural vai ajuda-la a normalizar a sua alimentação, a deixar a necessidade de dieta para trás e a saber alimentar e nutrir o seu corpo de dentro para fora!
Veja aqui para compreender um pouco melhor sobre a cultura das dietas e sobre os seus efeitos nocivos
Lembre-se: somos fantásticas. Nunca desista de SI.
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