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Como tratar a compulsão alimentar?

Compulsão Alimentar

Compulsão Alimentar (ou Binge Eating Disorder – BED) é um tipo de distúrbio alimentar que já é reconhecido no Reino Unido como um diagnóstico oficial.

Afeta quase 2% das pessoas em todo o mundo e está associado a problemas adicionais de saúde física (como colesterol e diabetes) e saúde emocional (como falta de auto estima e depressão). Neste artigo, vou partilhar consigo as causas, como é diagnosticada e como tratar a compulsão alimentar.

Distúrbios alimentares

Os distúrbios alimentares não se referem apenas à comida, vão muito além disso, pois a mente e os nossos pensamentos prestam um papel importantíssimo.

Muitas vezes os distúrbios são uma tentativa de lidar (ou fugir) de problemas internos – do foro psicológico – mais fundos. A comida torna-se um refúgio. A compulsão alimentar, anorexia, etc, não são escolhas – são mecanismos para lidar com alguns problemas, que na realidade, não resolvem a verdadeira questão.

Algumas pessoas pensam ter Compulsão Alimentar, quando apenas têm dificuldade em resistir à comida que adoram: são coisas muito diferentes.

Comer uma fatia de bolo não é compulsão! Leia o artigo para compreender os sintomas, causas, riscos associados e como tratar a compulsão alimentar.

Não se esqueças de ver as referências usadas, para aprender ainda mais!

O que é Compulsão Alimentar e quais são os sintomas?

As pessoas com compulsão comem muita comida num curto período de tempo, mesmo que não tenham fome. O stress e o cansaço emocional estão muitas vezes ligadas ao desencadear de um episódio de compulsão.

Durante o episódio, é normal sentir-se uma sensação de alívio e até algum conforto e depois vem a sensação de culpa e fracasso causadas pelo descontrolo (1)

Muitas mulheres procuram a minha ajuda pois acreditam que têm compulsão alimentar. Contudo, como referi acima, não resistir a uma bolachinha extra é muito diferente de compulsão alimentar. Aqui estão apenas alguns sintomas de alguém com BED:

  • Comer muito mais rápido do que o normal
  • Comer quantidades enormes mesmo sem sentir fome
  • Ficar desconfortavelmente cheia mas continuar a comer
  • Estar sozinha quando o episódio acontece
  • Sentimentos de culpa depois do episódio

As pessoas com compulsão geralmente sofrem de sentimentos de angústia e stress, não só pelas consequências de comer demais (como o ganho de gordura), como também pela ocorrência do episódio em si! (2)

O que causa Compulsão Alimentar?

As causas de compulsão ainda não são bem compreendidas, mas existem vários factores que devem ser considerados:

Imagem corporal: as pessoas com compulsão têm por norma uma imagem corporal muito negativa. (3) Uma insatisfação corporal, períodos de dieta rígida também contribuem para uma agravação da compulsão (4)

Restrição: é muito comum ter um alguns episódios de descontrolo alimentar como o primeiro sintoma do distúrbio. Isto incluí, por exemplo compulsão alimentar na infância ou na adolescência (às escondidas dos pais) (5). Muitas vezes isto acontece devida a uma restrição crónica de nutrição

Trauma: ou eventos stressantes e marcantes de vida – como abuso, morte, separação de um membro da família, abuso emocional, acidentes de carro, são alguns dos fatores de risco. Bullying na infância e adolescência devido ao peso também pode contribuir (6, 7, 8).

Genética: embora os estudos a nível genético ligados à compulsão ainda sejam muito embrionários, alguns sugerem que certas pessoas podem ser muito sensíveis à dopamina – neurotransmissor que atua no nosso sistema nervoso central responsável pela sensação de recompensa e de prazer. (9)

Outras condições: quase 80% das pessoas com compulsão têm pelo menos um outro distúrbio psicológico, (como fobia, depressão, ansiedade) associados (10)

Um episódio de compulsão alimentar pode ser desencadeado por stress, dietas restritas, sentimentos negativos de insatisfação perante o corpo e a forma do corpo, pressão passada para emagrecer, entre outros. Muito disto tem a ver com a mentalidade de dieta que vivemos incutida pela indústria fit.

Algumas situações, como sobrarem restos de comida de uma festa, haver imensa comida à disposição ou sentimentos de aborrecimento podem levar uma pessoa a comer sem vontade, mas isto não significa que se sofra ou que precise de tratar uma compulsão alimentar crónica (it just means that you love food!)

Basicamente existem dois motivos principais pelos quais acontecem compulsões: e biológico (restrição) e o emocional.

Como é diagnosticada a Compulsão?

Tal como referido acima, há algumas ocasiões em que se come demais por um ou mais dias (como no Natal), mas isso não significa que se tenha Compulsão Alimentar.

O que nos dizem os estudos? A maior parte das pessoas desenvolve-a no final da adolescência, embora possa ocorrer em qualquer idade. Na grande maioria dos casos, as pessoas precisam de apoio para superar a compulsão e de cultivar um relacionamento saudável para com a comida. Quando não é tratada, a Compulsão Alimentar dura anos. (11)

Para ser considerado Compulsão Alimentar, uma pessoa deve ter passados por pelo menos 1 episódio de descontrolo alimentar, durante um período de 3 meses. (1)

Pode ir ser caracterizada de leve, um a três episódios de compulsão alimentar por semana, a extrema, 14 ou mais episódios por semana. (1)

Outra característica interessante, é que parece que a pessoa com Compulsão Alimentar não toma mediadas para ‘desfazer’ o excesso. Por exemplo, ao contrário de alguém com bulimia, uma pessoa com compulsão não vomita, ou não toma laxantes, nem faz demasiado exercício. (1)

Quais são os riscos de saúde da Compulsão Alimentar?

A Compulsão está associada com vários riscos à saúde física e emocional.

Até 50% das pessoas com compulsão alimentar sofrem de obesidade. (10) A compulsão também faz com que sejam consumidas mais calorias, o que favorece a acumulação de gordura. Por sua vez, a obesidade está ligada a doenças cardíacas, derrames, diabetes e cancro (12)

Outros riscos associados incluem dificuldade em dormir, dores crónicas, asma, síndrome do intestino irritável (SII) (11,13,14)

Nas mulheres, está associado a riscos de problema de fertilidade, complicações na gravidez e síndrome do ovário poliquístico. (13)

Como tratar da compulsão alimentar?

Tratar a compulsão alimentar de forma eficaz não se fica por mudar a alimentação ou aumentar a actividade física. É necessário trabalharem-se vários campos, especialmente o emocional e corporal\físico e haver um apoio constante por parte do profissional, especialmente nas fases iniciais. É necessário reconectares-te com o teu corpo e\ou aprender a lidar com as situações sem recorrer à comida. Uma alimentação intuitiva, longe da mentalidade de dieta, é fulcral para este tratamento.

Para isto, pode ver aqui como a vou ajudar.

É essencial ter alguém que te guie numa jornada de autoconhecimento, que te ajude a melhorar a tua relação com a comida e com o teu corpo, passando leves conhecimentos de nutrição e encorajando a mudança de comportamento – mesmo que sintas medo de fracassar.

Isto é extremamente importante para as pessoas que têm episódios de compulsão ou de binge com alguma frequência, procurarem ajuda para os controlar. O descontrolo alimentar é um dos fatores que leva a uma compulsão crónica.

Pela sua saúde e pelo seu futuro: não adie mais.

Pode saber ainda mais sobre este tema aqui.

Lembre-se: somos fantásticas!

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